“HÁ UM JOGO DE RELÂMPAGOS SOBRE O MUNDO”: A PERSONA LUIZA NETO JORGE NA POESIA FEMINISTA

Neste artigo propôs-se fazer um estudo direcionado à abordagem da mulher na poesia da portuguesa Luiza Neto Jorge, no livro Corpo Insurrecto e Outros Poemas organizado por Floriano Martins, no qual pretende-se analisar os poemas “Metamorfose” e “Canção para o dia igual”. Para o estudo acerca da temática analisada, utilizou-se como fundamentação teórica as ideias de Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, acerca da libertação feminina dos moldes patriarcais. Complementa-se a base teórica com as ideias de alguns críticos literários brasileiros e portugueses sobre a poesia de Luiza Neto Jorge, como também a análise dos símbolos no Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier e de Juan Eduardo Cirlot. Algumas concepções acerca do corpo são esboçadas, tais como aquelas que mostram a complexa dualidade de relações, em que ora o corpo surge como um elemento destituído de importância, ora como algo relevante, que luta contra a interdição. O sujeito proposto, ou a linguagem, necessita quebrar os preceitos que aprisionam o ser mulher ou o ato criativo da escrita, desenvolvendo uma relação entre a ruptura da linguagem e a ruptura dos dogmas sociais e estéticos; entre a realidade hostil e estereotipada imposta à mulher ocidental e a reconstrução da linguagem e da identidade nos tempos da opressão ditatorial e patriarcal